Passam carros com os faróis acesos.
O covarde já não sente medo.
Construo versos sem nexo.
Sou voyer na prática competitiva do sexo.
Ouço ruídos vindo do meu inconsciente.
Velhas arquiteturas,novos acidentes.
A luz solar me cega.
A noite acolheu-me a alma.
Memórias confusas.
Perco facilmente a calma.
Meu coração acelera.
Alcancei a estratosfera.
Despeço-me dos amigos.
Fui pego pela morféia.
Salomé realizou seu desejo,mas eu ainda não!
Ela teve a cabeça de Iokanaan em suas mãos.
Fixou-se atenta aos seus olhos
E estudou-lhe com mórbida atenção.
Minha fisionomia foi moldada pela melancolia.
Pare! Olhe para a lente e sorria!
As time goes by - Ouço,danço e canto!
Embora há tempos o amor tenha perdido o seu encanto!
Poetas elitizados e visionários me invejam.
Jesus avisa:
- O profeta contemporâneo trabalha na esquina!
Mentes corrompidas!
Almas perturbadas,outras perdidas!
Histórias distorcidas quando não esquecidas!
Senhor,mostre-me o caminho.
Dê-me opções a vida!
Corro e transpiro sentado no sofá.
Impossível ouvir jazz sem viajar.
Sem se deixar levar pela sua acidez sonora.
Vênus ou Afrodite...maldita seja,
A nefasta Deusa.
Por onde tens andado?
A quem esteve matando?
Posta a minha frente a estar zombando
De minha solidão e irreversível abandono.
Não compreendo meu retorno a loucura.
Rimbaud,és ainda minha esperança de cura.
Criaturas obscenas me observam.
São as mesmas criaturas que me enterram.
Sinto o desfecho da loucura tornando-se desfigurativa.
Só preciso de mais uma dose para retornar a vida.
Alucinações,delírios,vertigens,desvario.
O tempo parou para quem ainda não subiu.
Fugiu.